quarta-feira, 19 de março de 2014

A MULHER ARANHA E O FILTRO DOS SONHOS

Grande parte da história de tribos nativas americanas foi perdida, esquecida ou alterada durante seu contato inicial com os povos ocidentais.
A origem do dreamcatcher  (filtro dos sonhos/apanhador de sonhos) é desconhecida.
No entanto, existem muitas lendas sobre o apanhador de sonhos nas tribos de toda a América do Norte.  A maioria das lendas tem a ver sonhos e aranhas.
O povo Ojibwe conta que há muitas luas atrás,  a Mulher Aranha trazia o sol de volta para o céu a cada dia. Mas quando a nação Ojibwe  se espalhou pelos confins do mundo, ela começou a ter dificuldade para trazer o sol para todos do seu povo.
Então, a Mulher Aranha ensinou as mães, irmãs e avós a tecerem uma teia mágica para os bebês, utilizando aros salgueiro. Estes dreamcatchers permitiriam que apenas bons sonhos pudessem entrar mentes dos bebês enquanto eles dormiam.
O círculo do aro era um símbolo do sol. A teia era para unir o aro em oito pontos representando as oito pernas da Mulher Aranha) ou em sete locais para representar o Sete Profecias. Uma pena, no centro do dreamcatcher do bebê representava a respiração e a vida. Os adultos não tinham uma pena no centro de seus apanhadores de sonhos, mas deveriam trazer uma pena consigo.
O povo Chippewa acreditava que o apanhador de sonhos foi feito pela primeira vez quando a mulher sábia (medicine woman) da tribo disse às mães da tribo que tecessem uma teia de aranha com o amor em um aro de salgueiro para afugentar os maus espíritos que vinham aterrorizar seus filhos no meio da noite. Ela disse-lhes para deixar uma abertura no centro, como um coração aberto para que as coisas boas pudessem passar para aqueles que dormem e as coisas ruins ficariam presas na teia e desapareceriam com a luz da manhã.
Já a Nação  Lakota  tem a seguinte lenda sobre o apanhador de sonhos:
“Um ancião – líder espiritual Lakota estava em uma montanha muito alta e teve uma visão. Nessa visão Iktomi, um trickster (professor, sábio, trapaceiro), lhe apareceu na forma de uma aranha e falou com ele. Enquanto falava, a Aranha tecia uma teia em um aro de salgueiro que tinha penas  e miçangas.
Enquanto tecia, o espírito da Aranha explicou como as escolhas humanas podem afetar a harmonia da natureza. Falou sobre os ciclos da vida, do nascimento, da morte e das boas e más forças que atuam sobre nós em cada uma dessas fases. Começamos como bebes e seguimos para a infância, depois nos tornamos adultos. E quando envelhecemos precisamos ser tratados como crianças, completando o ciclo da vida.
Ela dizia :

"Se você trabalhar com forças boas, será guiado na direção certa e entrará em harmonia com a natureza. Do contrário, irá para direção que causará dor e infortúnios".
No final a Aranha devolveu ao velho índio o aro de cipó com uma teia no centro dizendo-lhe:
"No centro está a teia que representa o ciclo da vida. Use-a para ajudar seu povo a alcançar seus objetivos, fazendo bom uso de suas ideias, sonhos e visões. Os sonhos vem de um lugar chamado Espírito do Mundo, que se ocupa do ar da noite com sonhos bons e ruins. A teia quando pendurada se move livremente e consegue pegar sonhos, quando eles ainda estão no ar. Os bons sonhos sabem o caminho e deslizam suavemente pelas penas até alcançar quem está dormindo. Já os ruins ficam presos no círculo até o nascer do sol, e desaparecem com a primeira luz do novo dia."

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